Sala de esterilização na odontologia: normas, importância e processos
A esterilização de instrumentais odontológicos é fundamental para a garantia de um ambiente de trabalho mais seguro, afinal, por meio desse processo é realizada a destruição dos microrganismos presentes nos instrumentais esterilizados, reduzindo o risco de contaminação cruzada entre pacientes.
No conteúdo de hoje, você vai compreender mais profundamente as normas que regem esse processo e a importância da adequada esterilização na odontologia.
O que é a sala de esterilização na odontologia?
A sala de esterilização odontológica deve ter uma dimensão de, no mínimo, 4,80 m², de acordo com o Art. 21 da Instrução Normativa nº 03 de 13 de novembro de 2014 da Vigilância Sanitária. Ela é projetada para permitir que todo o processo de limpeza, desinfecção e esterilização seja realizado de maneira organizada e eficiente, com redução de riscos biológicos e físicos para todos que circulam pela clínica.
Importância da esterilização na odontologia
A quarta maior causa de óbitos no mundo é a infecção hospitalar, proveniente de fungos, bactérias e vírus. No Brasil, o Ministério da Saúde afirma que esse problema gera o óbito de aproximadamente cem mil pessoas por ano.
Muitas pessoas acreditam que as infecções cruzadas ocorrem apenas dentro de hospitais. De fato, elas tendem a ser mais graves no ambiente hospitalar. Porém, o consultório odontológico também é um ambiente que precisa de atenção frente aos microrganismos ali presentes.
Essa atenção é importante para prevenção desse grave problema e todas as atitudes ligadas a isso, como a correta higienização de instrumentos e utensílios, fazem a diferença.
Na área da saúde, damos o nome de biossegurança ao conjunto de normas e medidas empregadas para prevenir, reduzir, controlar ou evitar riscos que podem comprometer a vida de profissionais da saúde.
Especialmente na Odontologia, os profissionais são bastante expostos à contaminação, pois a maioria dos procedimentos é executada na cavidade bucal, local mais contaminado por microrganismos em nosso corpo!
Mais do que isso, muitos procedimentos envolvem também contato com fluidos como secreções purulentas e sangue. Então, no consultório odontológico, a biossegurança é fundamental não só para a saúde dos profissionais, mas também para evitar contaminação cruzada entre os pacientes e prevenir transmissão de doenças.
Sala de esterilização na odontologia: normas
Com o passar do tempo, houve a identificação da necessidade de padronizar normas para os processos de limpeza e esterilização de instrumentos usados na área da saúde para a adequada prevenção de doenças infecciosas.
No Brasil, a Superintendência Estadual de Vigilância em Saúde é responsável pelas normas da Central de Materiais Esterilizados (CME), as quais tratam de como deve ser o ambiente de esterilização.
As normas referentes ao ambiente de esterilização odontológica ditam que esse ambiente deve ter área mínima de 4,8 m² e parede mínima de 2,20 m, com duas repartições:
Expurgo
Destinado ao descarte de material biológico e lavagem dos utensílios, contendo uma pia com bancada, lavatório de mãos e cone de despejo. No expurgo, todo o material “sujo” é recebido pelo setor e limpo antes da esterilização.Esterilização
Destinada a esterilização dos utensílios utilizados, contendo lavatório de mãos e autoclave. Previamente à autoclavagem, os materiais são inspecionados, identificados, separados, embalados e preparados para a esterilização.
Sala de esterilização na odontologia: processos
Ao longo do tempo, diferentes métodos foram desenvolvidos para a eliminação de microrganismos presentes em instrumentais odontológicos. No entanto, os processos foram cada vez mais se aprimorando a fim de potencializar a segurança em relação à contaminação cruzada. Conheça alguns tipos de processos de esterilização e saiba qual é o método preconizado pela Anvisa:
Esterilização por estufa
A estufa já foi bastante utilizada no processo de esterilização, no entanto, para a eficácia desse processo era preciso que os instrumentais permanecessem por duas horas em uma temperatura de 180 graus para que a oxidação pudesse ocorrer.
Devido a ausência de automatização do processo, a vigilância sanitária passou a não permitir mais a esterilização por estufa, com o objetivo de se evitar o uso incorreto e, consequentemente, a esterilização deficiente dos instrumentais odontológicos.
Esterilização química
A esterilização química que pode ser utilizada na odontologia é aquela que ocorre por meio da difusão de óxido de etileno, visto que esse método consegue eliminar os microrganismos presentes nos instrumentais através da destruição de seu DNA.
No entanto, em razão da necessidade de utilização do gás de óxido de etileno, esse processo geralmente é dependente de uma empresa que preste esse serviço, o que torna o método menos viável para o dia a dia clínico.
Esterilização por autoclave
A autoclave é o equipamento mais utilizado para a esterilização odontológica e apresenta um fecho hermético, ou seja, inteiramente fechado. O processo também é realizado em altas temperaturas e visa a eliminação de microrganismos para a prevenção de contaminações cruzadas e transmissão de doenças.
Essa eliminação dos microrganismos presentes na superfície dos instrumentais odontológicos ocorre por meio da degradação de moléculas orgânicas, gerada pelo vapor quente sob pressão, e esse é o método preconizado pela vigilância sanitária.
Para isso, os instrumentais devem estar devidamente limpos e embalados, permanecendo por 15 minutos em uma temperatura de 121 graus. É importante lembrar que nem todo material pode ser esterilizado, apenas os termorresistentes.
Armazenamento dos instrumentais esterilizados
A embalagem dos materiais esterilizados serve justamente para mantê-lo esterilizado após a retirada da autoclave, por no máximo um mês. O cuidado com o manuseio da embalagem, especialmente com materiais perfurocortantes, é fundamental para evitar perfurações e recontaminação.
Outro cuidado importante é manter os instrumentais embalados e esterilizados longe da luz, em local seco e dispostos sem empilhamento. Além disso, o grau cirúrgico utilizado para a embalagem não deve ser usado mais de uma vez, visto que a penetração do vapor de água pode ser afetada e isso pode prejudicar a eficácia do processo.
Indicadores de esterilização
Para maior segurança, o dentista deve monitorar a esterilização e realizar o registro desse monitoramento, mantendo o prazo de validade de sete dias da esterilização e, a cada uso, descartar a embalagem usada para esterilização. Conheça agora os tipos de indicadores usados na odontologia e suas funções:
Indicadores classe 1
O indicador de classe 1 mais utilizado na odontologia é a fita com listras, também conhecida como “fita zebrada”. Ele serve para indicar que o material foi esterilizado, por meio da modificação da cor das listras que se tornam pretas. No entanto, esse tipo de indicador não é capaz de informar a qualidade da esterilização.
Indicadores classe 5 e 6
Esses indicadores são capazes de detectar alterações de temperatura, tempo e qualidade do vapor, por isso devem ser utilizados em cada ciclo de esterilização. Por meio deles é possível monitorar todos os parâmetros críticos do processo de esterilização e não há reação do indicador classe 6 até que 95% do tempo de ciclo seja concluído.
Indicador biológico
Esse é o método mais indicado para certificação do funcionamento correto da autoclave. Por meio de endósporos bacterianos viáveis em seu interior, eles indicam se o processo de esterilização foi capaz de eliminar esses microrganismos. O indicador biológico deve ser utilizado ao menos uma vez por semana.
Os resultados dos testes utilizados devem ser registrados em um caderno de monitoramento da autoclave, por meio da colagem das etiquetas dos testes utilizados.
Confira mais conteúdos da Aditek feitos especialmente para dentistas!
Estar atento às normas referentes à esterilização dos instrumentais odontológicos é um dever do dentista e, também, um ato de cuidado e compromisso com a saúde do paciente e de toda a equipe. Lembre-se que a vigilância sanitária costuma realizar visitas surpresas, o que enfatiza a importância de se seguir as normas adequadamente para evitar problemas.
Leia mais conteúdos do blog da Aditek, feito por especialistas da área, e conheça os produtos ortodônticos de alta tecnologia da marca!