O tratamento de canal de dente é, muito provavelmente, uma das coisas mais temidas da odontologia pelo paciente, depois, é claro, da anestesia. 

Isso pode estar associado ao fato da dor de um quadro clínico chamado de pulpite irreversível ser uma das dores relatadas como as piores que se pode sentir e, com isso, as pessoas acabam tendo medo do tratamento. 

No entanto, com o avanço da odontologia, a endodontia pode ser realizada de forma muito mais tranquila do que se imagina, e algumas vezes o paciente que necessita de tratamento não passa pelo processo de dor aguda. 

Hoje vamos falar sobre como é o tratamento de canal, então se você tem curiosidade sobre o tema, se prepare para ficar por dentro de tudo. 

O que é canal de dente?

Assim como todos os órgãos e membros de nosso corpo, o dente também possui inervação e ela pode ser afetada por diversas razões, por exemplo a invasão de bactérias através de uma lesão de cárie que se estende até a polpa e gera um infecção que se estende da coroa até a raiz do dente. 

Quando se vê um dente por fora, não é possível ver que dentro dele existe inervação e vasos sanguíneos. Dessa forma, é justamente por isso que, quando afetado, o dente pode doer muito. 

O canal do dente é, simplificadamente, espaços presentes no interior da coroa do dente e raízes que contêm essa inervação e vasos sanguíneos. Alguns dentes contêm apenas um canal principal e outros acessórios, como os dentes da frente. Outros possuem dois e três canais principais, e algumas pessoas possuem os dentes do fundo com quatro ou mais canais. 

Quando é necessário fazer um canal de dente?

Diferente do que a maioria das pessoas pensam, nem sempre a necessidade de realização de tratamento endodôntico, também conhecido como canal, é sinalizada pela dor. 

Existem diferentes causas que podem gerar a necessidade de tratamento de canal, e é necessário compreender que mesmo que não haja dor, quando há necessidade, o melhor é não negligenciar isso, afinal, o problema pode afetar a saúde geral.

A seguir vamos explicar as diferentes formas que a necessidade de tratamento pode se manifestar. 

Dores de dente

O passo inicial para compreender a dor de dente é entender que o dente é formado por algumas estruturas:

• Esmalte: é a superfície mais externa que recobre a coroa do dente. É uma estrutura mineralizada e por ser a camada mais externa do dente, é por onde processos de cárie ou desgaste dentário se iniciam. 
• Dentina: abaixo do esmalte temos uma camada de dentina, ela é uma estrutura presente na coroa do dente e na raiz. Possui uma coloração amarelada e é mais espessa que o esmalte do dente. A dentina possui alguns túbulos em sua estrutura que podem levar estímulos até a polpa do dente. 
• Tecido pulpar: a polpa dentária é formada por um tecido conjuntivo inervado e vascularizado. É aí que está a inervação responsável por responder aos estímulos por meio da dor. 

Além disso, todos os dentes apresentam um sistema de canais que possuem o tecido pulpar e que se estendem até o final da raiz.

A dor de dente pode estar relacionada a estruturas diferentes. Por exemplo, um dente com desgaste apenas em esmalte pode apresentar sensibilidade à água muito gelada. Um dente que está recebendo muita carga durante a mastigação ou bruxismo pode apresentar sobrecarga e apresentar dor devido a uma pericementite traumática. Pessoas com refluxo podem apresentar erosão dentária, que é uma forma de perda de estrutura, e com isso também apresentar maior sensibilidade a alimentos ácidos, doces ou muito gelados. 

Além disso, pode estar associada, também, a lesões de cárie ativas, geradas pelo desequilíbrio da microbiota bucal pelo excesso de alimentos ricos em carboidratos fermentáveis e higienização adequada. Ou mesmo surgir após uma fratura ou trinca na coroa do dente. 

No entanto, geralmente quando a dor de dente é descrita como uma dor que impediu o paciente de dormir, que necessitou de medicações para reduzi-la, que gerou inchaço e febre, é uma condição bastante característica da dor de canal, ainda que isso só possa ser confirmado pela consulta com um profissional. 

Inchaço na boca

Como comentado, o inchaço pode ser um sinal da necessidade de tratamento de canal. No entanto, nem sempre ele vem acompanhado de febre e dor, quando isso ocorre, costumam ser casos mais graves. 

O inchaço ocorre quando bactérias invadem o canal e geram uma infecção que chega até o osso, por meio dos canais presentes nas raízes dos dentes. Essa condição não deve ser negligenciada, pois podem evoluir para situações graves, podendo inclusive necessitar de internação para serem resolvidas. 

Traumas na boca

O traumatismo dentário também é uma condição que pode levar à necessidade de tratamento de canal. Algumas vezes isso pode ser observado imediatamente após o trauma, mas em outras essa consequência surge como uma sequela tardia, por conta da “morte” do nervo do dente ou diferentes tipos de inflamação da polpa em decorrência do impacto da pancada dentária. Em caso de traumatismo dentário, deve-se procurar um dentista o quanto antes!

Problemas na estrutura dental

Algumas pessoas também podem necessitar de tratamento de canal mesmo sem nunca ter tido cárie ou traumatismo dentário. Isso porque existem defeitos que podem ocorrer durante a formação do dente e que podem gerar um enfraquecimento do dente, fazendo com que já nascem manchados ou danificados, sendo mais suscetíveis às fraturas que podem ser graves e atingir a polpa dentária. 

De que maneira é feito o tratamento de canal de dente?

O tratamento de canal pode ser feito em uma única sessão ou em algumas sessões. Isso dependerá tanto da condição clínica apresentada pelo paciente quanto da formação do profissional, que quanto mais experiente na área, mais terá condições de resolver o problema com eficácia. 

Porém, basicamente, para o tratamento de canal, é necessário isolar o dente da possibilidade de contaminação com a saliva, desinfectar o dente, instrumentar os canais (remover o nervo, bactérias e preparar o canal para receber medicações e obturação), obturar (preencher o canal para que não entre novamente bactérias), e restauração do dente tratado. 

Quais os cuidados necessários após o tratamento de canal de dente?

É muito importante que o paciente esteja ciente que após o tratamento, alguns cuidados são necessários para que o caso se mantenha finalizado com sucesso. Abaixo, você pode conferir cuidados importantes:

Fazer controle e acompanhamento do pós-procedimento 

Radiografias pós-tratamento são importantes para o acompanhamento do caso. Por meio dela o dentista poderá acompanhar a redução da infecção ou o surgimento de algum problema. 

Evitar alimentos duros 

Quando o canal está em tratamento ou mesmo quando é obturado, é comum que a restauração realizada seja provisória. É importante saber que obturação do canal não significa restauração do dente. 

Desse modo, enquanto ele não recebe uma restauração definitiva, ele fica fragilizado e alimentos duros podem não apenas fazer com que a restauração provisória caia, mas também fraturar o dente. 

Cuidar da higiene bucal 

Cuidar da higiene bucal é fundamental para evitar que novos problemas surjam, além de contribuir para a preservação de tratamentos já executados. A melhor dica para quem não gosta de ir ao dentista é a prevenção por meio da higiene e consultas regulares, assim se evita os procedimentos mais invasivos e temidos por tantos.

O canal de dente escurece os dentes?

Quando um dente sofre a necrose, ou seja, a morte do nervo presente em seu interior, é comum que ele fique escurecido. No entanto, durante o tratamento de canal, o hipoclorito de sódio é utilizado para limpar o interior dos canais e câmara pulpar e isso gera, muitas vezes, o clareamento interno do dente que antes se apresentava escurecido. 

Porém, algumas vezes, outros procedimentos de clareamento são necessários para devolver totalmente a estética ao paciente. 

Conclusão

Não negligenciar sinais e sintomas de problemas dentários é mais do que cuidar apenas da saúde bucal, pois significa cuidar da saúde geral, visto que o dente não está isolado de todo nosso sistema. 

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