Odontologia para pacientes com necessidades especiais: saiba tudo sobre!
A Odontologia é uma área da saúde que abrange diversos campos de atuação, cada um voltado para um público específico e suas particularidades. Entre esses campos, a Odontologia para Pacientes Especiais emerge como uma especialidade fundamental, dedicada a atender indivíduos que apresentam condições de saúde, comportamentais ou cognitivas diferenciadas.
Compreender e abordar essas particularidades requer um olhar individualizado e amplo, que leva em consideração todo o contexto que cerca o indivíduo e seus familiares.
Neste conteúdo, você terá a oportunidade de conhecer melhor essa especialidade, continue a leitura!
O que é a Odontologia para pacientes com necessidades especiais?
De acordo com o Conselho Federal de Odontologia, apenas 0,6% dos cirurgiões-dentistas brasileiros são especialistas no atendimento de pacientes com necessidades especiais, sendo de grande importância.
Portanto, a divulgação da especialidade e produção de conhecimento acerca dela, a fim de conferir ao cirurgião-dentista clínico geral uma maior segurança para a realização desses atendimentos.
Mesmo quando não há o envolvimento de um procedimento odontológico especializado, outras dificuldades ainda podem prevalecer no cuidado ao paciente especial, como o manejo do comportamento de crianças e adultos com diferentes formas de compreensão e comunicação por conta de suas deficiências.
Quem são os pacientes com necessidades especiais?
A Academia Americana de Odontopediatria (AAPD) define a necessidade de cuidados especiais como decorrência de alguma deficiência física, mental, sensorial, comportamental, cognitiva, emocional ou uma condição limitante que demande cuidados médicos especializados.
Outra possível classificação em relação às diferentes deficiências que podem acometer um indivíduo é: 1. Desvios de inteligência (deficiência intelectual, superdotados); 2. Desvios sociais; 3. Distúrbios comportamentais (autismo, déficit de atenção); 4. Distúrbios de comunicação (deficiência visual, auditiva, de fala); 5. Distúrbios psiquiátricos (esquizofrenia, distúrbios alimentares); 6. Estados fisiológicos especiais (gravidez); 7. Distúrbios endócrinos e metabólicos (diabetes, hipertensão); 8. Distúrbios congênitos e 9. Distúrbios ambientais.
De acordo com o IBGE, no Brasil, 8,9% da população apresenta algum tipo de deficiência e entre 6 e 8% pode ter alguma doença rara.
Portanto, essas condições podem ser congênitas, adquiridas ou resultantes do envelhecimento. É importante ressaltar que a abordagem da Odontologia para Pacientes Especiais não se limita apenas a crianças, mas também a adolescentes e adultos que enfrentam desafios adicionais devido às suas condições de saúde.
Um aspecto relevante a abordar nesse conteúdo é o fato de que, apesar da especialidade odontológica ainda se denominar Odontologia para Pacientes Especiais, atualmente, a nomenclatura adequada é pessoa com deficiência.
Denominar como paciente especial, portador de deficiência, paciente excepcional, pode ser ofensivo e se trata de termos defasados.
Odontologia para pacientes com necessidades especiais: como deve ser o atendimento?
Uma das principais características da Odontologia para Pacientes Especiais é a necessidade de personalização do atendimento. Cada paciente é único e requer uma abordagem adaptada às suas necessidades específicas. Isso envolve não apenas o tratamento dos problemas em si, mas também a consideração das limitações e particularidades de cada paciente, como uso de medicamentos e problemas sistêmicos.
Por essa razão, a abordagem odontológica desses pacientes deve estar pautada em uma anamnese detalhada, com todos os dados do indivíduo e da deficiência, pois isso auxiliará no planejamento, diagnóstico e prognóstico do tratamento. O manejo do paciente vai depender de uma série de adaptações de acordo com o tipo de deficiência, a idade e a necessidade odontológica.
Equipe multidisciplinar e bem treinada
Uma equipe de profissionais que trabalha na Odontologia para Pacientes Especiais precisa ser multidisciplinar e altamente treinada. Isso porque os pacientes podem apresentar condições médicas complexas que encorajaram um entendimento profundo de suas necessidades de saúde geral. A colaboração com médicos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e outros profissionais de saúde é essencial para garantir um atendimento abrangente e integrado.
Abordagem preventiva
No campo da Odontologia para Pacientes Especiais, a abordagem preventiva também é fundamental. A educação e conscientização desses pacientes, assim como de seus cuidadores, sobre a importância da higiene bucal e dos cuidados odontológicos regulares, pode contribuir significativamente para a melhoria de sua qualidade de vida. Essa colaboração permite uma compreensão completa das necessidades do paciente e ajuda a garantir que os cuidados odontológicos sejam integrados ao estado geral de saúde.
Controle de ansiedade e do medo
Outro aspecto crucial da Odontologia para Pacientes Especiais é o controle da ansiedade e do medo. Muitos pacientes especiais podem ter uma experiência odontológica anterior negativa ou podem ser mais propensos a desenvolver ansiedade durante os procedimentos. A utilização de técnicas de manejo de comportamento, a distração por meio de jogos ou música, e a administração adequada de sedação, quando necessária, são estratégias que visam tornar a experiência mais confortável e segura para esses pacientes.
Adaptação do ambiente clínico
É fundamental a adaptação do ambiente clínico. As clínicas que atendem esses pacientes são frequentemente equipadas com recursos que promovem o conforto e a segurança, disponibilidade de rampas, elevadores e equipamentos que facilitam o acesso de cadeiras de rodas, salas e cadeiras odontológicas adaptadas, iluminação suave, música tranquilizadora e até mesmo tecnologias de realidade virtual para distração durante o tratamento, visando criar um ambiente acolhedor e com menor estresse.
É importante ressaltar que a Odontologia para Pacientes Especiais não se limita apenas ao tratamento clínico. Ela envolve também a promoção de inclusão e acessibilidade, o que também requer que a comunicação e a linguagem utilizada pelos profissionais sejam claras e adaptadas às capacidades dos pacientes.
Portanto, confira abaixo alguns tipos de atendimentos e o que de mais importante cada um deles requer durante a abordagem odontológica.
Atendimento ao paciente com deficiência física
A deficiência física pode limitar a locomoção do paciente ou mesmo sua autonomia, a depender do tipo de deficiência apresentada. Além disso, pode produzir impactos psicossociais no paciente e sua família. Desse modo, é importante que a clínica e profissional garanta ao paciente:
- Acessibilidade
- Posicionamento confortável
- Comunicação
- Apoio
Atendimento ao paciente com deficiência intelectual
Algumas situações clínicas podem comprometer o desenvolvimento cognitivo do indivíduo acometido, dificultando seu aprendizado e interação social. Em casos nos quais a deficiência intelectual está presente, é necessário:
- Simplicidade na comunicação
- Visualização
- Ambiente calmo
- Estabeleça confiança
Atendimento ao paciente com deficiências sensoriais
Nesses casos, pode haver diferenças na interpretação do que foi captado pelos sentidos, por parte do indivíduo. Esse processo pode ocorrer em função de fatores fisiológicos ou psicológicos. Uma mesma sensação, pode gerar percepções distintas em pessoas diferentes e causar desconforto, por exemplo a luz do refletor ou som do micromotor. Nesse caso é preciso se dedicar a oferecer:
- Comunicação alternativa
- Instruções claras
- Toques suaves, percepção em relação ao que é sentido exacerbadamente pelo paciente
- Interação visual
Atendimento ao paciente com problemas de saúde mental
Existem diversos problemas de saúde mental que podem comprometer a qualidade de vida de um indivíduo, desde a depressão e ansiedade, até transtorno obsessivo compulsivo ou esquizofrenia. Cada realidade apresentada deverá ser considerada individualmente, mas de um modo geral, atender casos em que a saúde mental está comprometida requer:
- Paciência
- Comunicação não ameaçadora
- Limites claros
- Colaboração
A ênfase na comunicação eficaz e na construção de relações de confiança com os pacientes é extremamente importante nesta especialidade, visto que isso contribui para que se possa estabelecer um ambiente seguro e confortável, especialmente para aqueles que podem sentir ansiedade ou medo em relação ao tratamento odontológico.
Profissionais desta especialidade são treinados para se comunicar de maneira clara e empática, permitindo que os pacientes e/ou familiares expressem suas preocupações e compreendam cada etapa do processo.
Não existe uma fórmula ou protocolos únicos nesse tipo de especialidade, portanto, cada caso é analisado para determinar as melhores técnicas a serem utilizadas.
Conclusão
Portanto, a Odontologia para Pacientes Especiais é uma especialidade que desafia os profissionais a adotarem uma abordagem personalizada, sensível e multidisciplinar.
Ela vai além do tratamento odontológico tradicional, considerando as necessidades de saúde geral, comportamental e emocional de pacientes com as mais diferentes condições.
Através da educação, prevenção, tratamento e promoção da saúde, essa especialidade busca garantir que todos os indivíduos tenham acesso a um atendimento odontológico de qualidade, garantindo saúde bucal e bem-estar geral.
Leia mais conteúdos do blog da Aditek, feito por especialistas da área, e conheça os produtos ortodônticos de alta tecnologia da marca!
Referências
Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais: mais do que uma especialidade, um ato de amor à vida. Conselho Federal De Odontologia, 2019.
MIRA, Paôla Caroline da Silva et al. Oral rehabilitation in a patient with Jeune syndrome presenting with multiple teeth agenesis. Special Care in Dentistry, v. 40, n. 5, p. 493-497, 2020.
BORSATTO, Maria Cristina et al. Atendimiento odontológico en pacientes especiales. Revista de Odontopediatría Latinoamericana, v. 4, n. 2, 2014.
CAMPOS, Cerise de Castro et al. Manual prático para o atendimento odontológico de pacientes com necessidades especiais. Goiânia: Universidade Federal de Goiás-Faculdade de Odontologia , p. 26-29, 2009.